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terça-feira, setembro 01, 2020

Matuta

Inez matuta na madruga

Pertenço à chamada “elite” cristã. Tenho lá minhas dúvidas do sentido dessa distinção inventada, claro, pelos brancos, cristãos, que graças a sua ganância, agressividade e falta de empatia, dominaram o mundo ocidental. Inventaram um Deus Onipotente, Onisciente e Único para substituir deuses e divindades de eras antigas, com a pretensão de unificar todos os povos através de uma crença única. Esse Deus lá deles (e meu, segundo decidiram por mim) lhes dava força nas batalhas, os fazia inventar armas cada vez mais letais e oprimia os perdedores sob o jugo de uma religião imposta, que tornava os vencedores senhores do Universo. Inventaram a função dos missionários, para catequizar pela força da “Fé verdadeira” povos ímpios com a missão de tornar passivas civilizações geralmente mais sábias que a deles e assim dominar o mundo. Missionários deviam partir pelo mundo, impondo seus dogmas, ignorando e coibindo sistemas de crenças, geralmente mais coerentes do que as deles. Inventaram entidades forjadas para que coubessem em seus preceitos e provassem esses dogmas, como assim os chamaram. Isto é: Dogma é tudo aquilo que não pode ser provado, mas a Fé verdadeira confirma e não discute. 

Decidiram que a Bíblia era o manual de comportamento dos povos de bem, interpretando-a, claro, segundo seus anseios de poder. Se observarmos bem, todos os pastores, padres e outros representantes dessas crenças interpretam para nós, pobres mortais, o que Deus quis dizer ao escrever ou ditar a Bíblia. Desde criança, isso nunca fez sentido para mim. Por que o Deus todo-poderoso, senhor do céu e da terra, nunca conseguiu ser direto e dizer o que pensava? Por que são necessários anos a anos de estudos teológicos para interpretar suas palavras? E por que, cada pastor tem a sua própria interpretação da proposta de Deus, que obviamente decifrou na Bíblia? Os padres católicos geralmente têm uma interpretação só. Mas no século XX até os padres menos reacionários se rebelaram contra essas verdades, ditadas por papas, a quem Deus deu o poder de fazer e desfazer a seu bel prazer.

Prova disso é que existem inúmeras interpretações dessa Bíblia, cada uma correspondente a um culto ou seita. Um católico não pode se basear numa Bíblia protestante e vice-versa. Muito menos nos textos apócrifos que cientistas acharam e traduziram. 

Como é que esse Deus onisciente não sabia que a terra é redonda, e muito menos que gira em torno do sol? Galileu tentou demonstrar isso e a mão castigadora da Religião, a “Santa Inquisição”, o torturou para que se retratasse. Não conseguiu, acabou então com ele para evitar que suas ideias se propagassem. Não teve sucesso, e anos depois ficou provado que Galileu estava certo. 1x0 para a ciência, que passou a ser vista como inimiga absoluta da Fé. Mas um papa, não sei qual, decidiu que Galileu estava certo, e a teoria de Galileu se encaixou nessa tal de Fé verdadeira. E assim caminha a humanidade, Aleluia Senhor! 

Chega por hoje, vou tomar café.

_Inez Cabral de Melo

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